Escritor, o mito desmitificado

(---ATENÇÃO!---)

(Se alguém se sentir ofendido com o que está prestes a ler, a solução é tão simples como clicar no canto superior direito, naquele X enorme. Isto é a minha humilde opinião, se não gostam, saiam por favor. Não digam que não foram avisados.)


Ser escritor... parece fácil, não?
Não! Mas não mesmo. Um NÃO com letras enormes nem é suficiente para explicar a frustração que é tentar ser escritor em Portugal.

A primeira imagem que nos vem à cabeça se pensarmos num escritor é, provavelmente, um homem velho e azedo que manda vir com toda a gente. Que tem mil razões para voltar costas ao mundo. Mas nem todos os escritores são assim. Nem todos eles são velhos, nem todos eles são amargos e nem todos eles são doidos. Sim, porque há quem acredite que um escritor precisa de matar alguém para escrever um bom policial. Que são as experiências que nos moldam enquanto escritores. Quer isto então dizer que todos os escritores se enfiam nas discotecas e se embebedam para conseguirem escrever um trecho para o seu livro? Hum... não me parece... pelo menos eu não... (mas eu tenho uma alma de velhinha que adora estar em casa, às dez da noite, com o seu pijama vestido e a ver as suas séries... não tenho esse tipo de experiências, portanto...não contem isto a ninguém, por favor).

Mas regressando aos escritores e à arte esquecida que é a escrita em Portugal... a verdade é que fomos um país de grandes escritores. Fernando Pessoa, Camões, Sophia de Mello Breyner Andersen, José Saramago... que foram ridiculamente ignorados por muitos portugueses. Não estou a dizer que já ninguém aprecie a literatura em Portugal ou que já ninguém goste de ler... ser poeta então... esqueçam... não há hipótese, porque ninguém lê poesia... ninguém é capaz de apreciar a beleza por detrás de um poema, a história por detrás do poema, a liberdade que o escritor sentiu ao escrever aquelas palavras...

Escrever um poema é como vender a alma ao Diabo. É uma dança magistral que culmina um clímax épico, numa verdadeira obra de arte. Pouco apreciada pela maioria, mas é arte.

A verdade é que não há apoios à escrita em Portugal. Não há editoras que estejam dispostas a publicar autores amadores, autores que ainda há pouco tempo começaram a traçar o seu percurso literário. E percebe-se porquê, se pensarmos no risco que verdadeiramente correm ao publicar um autor cujo nome ainda não diz nada a ninguém.

Contudo, há autores que simplesmente só têm o sucesso que têm porque meteram alguma "cunha"... ou autores que só têm o sucesso que têm porque estudaram bem os temas que o seu público gosta... mas esses temas refletem tanta superficialidade, tanto materialismo...

Quem escreve e quer publicar sabe do que eu falo. E não, eu não escrevo porque quero dinheiro (bem, preciso dele para sobreviver neste mundo...). Há algo mais que me leva a querer partilhar o que sinto.

Um escritor não procura dinheiro; procura compreensão. Até porque somos uma cambada de incompreendidos. Procuramos ver o mundo da forma mais realista possível, não realçamos apenas as partes boas com lindos adjetivos.

Usamos a dor como forma de criar arte. Pelo menos é que eu faço quando escrevo. Eu, que sou uma florzinha sensível, adoro escrever quando me sinto triste, zangada... aquele papel, aquele documento de word é, muitas vezes, a minha única salvação da loucura.

Um escritor escreve para ultrapassar a dor, para procurar compreender o mundo e os outros, mas também procura compreender-se a si mesmo. Talvez porque a escrita seja um caminho que percorremos em busca de nós mesmos. E sim, derramamos uma "lágrimazinha" a escrever um poema, porque sentimos demais.

Sentir demais não é mau de todo, é que nos torna humanos. Se querem uma mulher dura e um homem forte, procurem por um robô (são caros, mas será a opção mais indicada). Mas se querem escrever um bom texto, um bom poema, arranquem das profundezas do vosso ser aquilo que realmente sentem. Escrevam com raiva, com tristeza, com dor. Deem tudo aquilo que têm ao vosso texto e, se mesmo assim falharem, não desistam. O mundo é de quem sonha. Mesmo acordado.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O escuro monstro que habita dentro das nossas cabeças

Quem sou...

A magia dos filmes da Disney