Amigos e Amigos

Os amigos são uma parte fundamental da nossa vida. Mas há amigos e amigos. Ao longo das nossas vidas, apercebemo-nos muitas vezes que talvez tenhamos estado com as pessoas erradas. Cometemos erros. E é ao cometer esses erros que aprendemos a ser melhores.

Tenho amigos. Bastantes até. Mas já tive muitos amigos com quem me zanguei. Já tive muitos amigos que não eram realmente meus amigos. Que não se importavam realmente comigo. Que não me amavam.

Ter amigos é saber amar. É ter paciência mesmo para aturar os seus piores momentos, é ajudá-los, convencê-los que eles são capazes, que eles são boas pessoa, acalmá-los. É estar presente nos bons e nos maus momentos. É rir-se das suas piadas, mesmo quando elas não são assim tão engraçadas.

Tenho uma amiga assim. Um amor de pessoa, que sei que me adora e que está lá quando eu preciso. E que eu a adoro a ela, porque sem ela não seria nem metade da pessoa que sou hoje. Somos duas totós, crianças até, mas o tempo que passo com ela traz-me a verdadeira felicidade. Voa. Corre. O tempo não para nesses momentos. Crescemos juntas, tanto fisicamente como emocionalmente. Já nos zangámos uma com a outra, mas isso é perfeitamente normal.

Ter um amigo é ter o mundo inteiro nas nossas mãos. É encontrar paz de espírito num mundo tão agitado, tão convulso, tão repleto de stress, é ver o sol nos dias mais escuros, uma pequena luz que brilha tão intensamente no meio da escuridão, é encontrar um porto de abrigo no meio de uma tempestade, é encontrar água no meio da seca, da miséria, é ter alguém puro no meio de tanta podridão, de tanta gente falsa, manhosa e mesquinha.

O problema de hoje em dia é que já quase ninguém se senta com os amigos numa mesa de café, a contar histórias, a observar o mundo que os rodeia, a contarem piadas, a passar o tempo que tantas vezes custa a passar.

O que aconteceu às conversas verdadeiras? Aos segundos, minutos, até horas infindáveis a contar histórias? O que aconteceu aos risos, às altas gargalhadas ressoantes? O que aconteceu ao olhar nos olhos de outra pessoa, tão profundamente que se conseguia ver (nem que fosse apenas um vislumbre) da alma?

A verdade é que estamos tão agarrados aos ecrãs que já nem nos ouvimos uns aos outros. E daqui a pouco deixaremos de ouvir a nossa própria voz, a nossa única, estranha e feroz "voz interior". Estamos constantemente presos às notificações, ao apitar do telemóvel, às redes sociais, à procura de uma constante aprovação de desconhecidos, quando a única pessoa de quem deveremos procurar aprovação é de nós mesmos. E depois dos nossos amigos.

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